sábado, 15 de abril de 2023

Sobre dar um passo de cada vez

Eu tenho tentado me respeitar, algo que neglicenciei por algum tempo. Eu faço crossfit há algum tempo e é algo que me faz bem. Ontem, ao sair da aula, eu estava me sentindo bem e retornei para casa com o pensamento de pegar os cães para passear. Eu me sinto bem passeando, sentindo o ar no meu resto e entrando em contato com o mundo. Já era noite e a noite está fresquinha do jeito que eu gosto. Mas a sensação de que eu seria capaz de fazer isso logo passou. Ao mesmo tempo que eu sabia que aquilo me faria bem, alguma coisa me impediu de ir em frente. Não sei nomear o sentimento ainda. Ansiedade, talvez? Não sei. Mas é algo que não consigo controlar e que me paralisa. Eu não gosto desse sentimento. Dessa falta de controle sobre mim mesma. 

Hoje aconteceu algo parecido. Eu queria muito ir ao cross para o aulão de sábado. Ontem, ao sair da aula, falei para um colega que eu iria hoje. E realmente queria ir. Até fiz o checkin na aula. E então eu acordei e comecei a me sentir ansiosa. O motivo, hoje, é mais claro: a aula é em trio e envolve a barra fixa (essa questão da barra fixa quem reparou foi o Matheus). Eu fico ansiosa com aulas que envolvem atividades em grupo. Quando é em dupla eu fico tranquila, pois faço com o Matheus. Mas mais do que isso eu já fico nervosa. Eu sei que teriam várias pessoas conhecidas na aula e o Matheus inclusive sugeriu da gente falar com um amigo antes para já chegarmos com o trio montado, mas eu não me senti bem. Senti angústia e nervosismo. Eu já senti e me forcei a ir mesmo assim diversas vezes. Aos sábados as aulas sempre são em grupo. Mas hoje decidi respeitar o sentimento e escrever a respeito dele. Com relação à barra, os exercícios da aula de hoje envolvem se pendurar na barra fixa e só tem uma barra que possui a altura ideal pra mim. O problema é que ela possui a altura ideal para diversas outras pessoas e disputa por ela também me deixa nervosa, tanto que eu escolho as aulas mais vazias quando preciso usar ou a barra fixa ou o rack (depois explico). Mas sábado não tem pra onde correr: todas as aulas são lotadas. 

Apesar de sentir que fiz o melhor para mim, o sentimento de culpa e fracasso está bem presente. Sinto que falhei ao não encarar a ansiedade e ir, ao mesmo tempo que penso que me forçar a encarar determinadas situações pode ter causado a crise intensa que tive. Não sei. Eu gosto da matemática porque ela é exata, e aqui são muitos questionamentos sem repostas. 

Paro e respiro: um passo de cada vez.

Voltando para a água

E então tudo mudou. Terminei o doutorado em 2017, passei em um concurso em Brasília (Matheus também!) e encerramos nosso ciclo em Campinas em novembro de 2017, quando o Matheus tomou posse em seu novo emprego. Eu tomei posse em janeiro e desde então viramos dois servidores público voltando a morar em casa. 

Na semana passada eu tive uma crise muito intensa de ansiedade que tem me impedido de fazer as coisas básicas do dia a dia, como trabalhar, limpar a casa, descer com os cães... o simples ato de sair de casa tem sido difícil para mim. E foi então que, com a ajuda de muitas pessoas, eu procurei ajuda profissional. Acho importante destacar essa ajuda que obtive dos meus amigos, porque eu sempre fui muito resistente em procurar ajuda profissional, apesar de saber que precisava. Eu sei disto desde que tinha 14/15 anos, mas tal assunto é um tabu em minha família e, por isso, sempre tentei lidar com os meus problemas sozinha, mesmo que de forma, muitas vezes, destrutiva. 

E então eu respirei fundo e fui. Não foi fácil. Me gerou bastante ansiedade. Chorei. Mas compreendi que precisava ir se quisesse retomar o mínimo de controle sobre a minha vida e minha mente, principalmente. Foram dois momentos: um com uma psiquiatra e um com uma psicóloga. Foram dois momentos muito bons e que me deixaram esperançosa com relação ao futuro. 

Durante a conversa com a psicóloga ela fez uma analogia com ficou em minha mente: ela comparou o meu sentimento ao de um peixe fora da água. É uma expressão que usamos muito, né, mas nunca a usei pensando no sentido de se sentir sufocando. Eu sempre uso para expressar um deslocamento de seu habitat natural e fim, sem pensar no que isso causa, de fato, ao peixe. Eu me sinto assim. Um peixe fora d'água. Sem conseguir respirar. Sufocando. Lutando para sobreviver. E foi isso que motivou a troca do domínio (?) do blog, que agora é voltando para a água. Uma maneira de colocar meus sentimentos em palavras para, assim, voltar a respirar.